Religião é apenas religião de nada mais

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“Religare” da alma

(Religare explica essa manifestação calorosa da alma)

Parece gritar, e há exageros nisto, quando se espera formalizar os ardis da mente que sonha com o que não sabe explicar.

Há, como que em embrião, disfarçadas mazelas entronantes, que faz qualquer coração ser alma paciente, ser festa de paixão.

Zumbidos inexplicáveis a qualquer um, aos que vivem com ardor, mais ainda, provocam todos os seres dispostos a se antepor.

É a religião, todos sabem, todos afirmam, mesmo sem consciência, que enleva o entusiasmo, provoca às alturas até a demência.

É uma das necessidades intrínsecas, uma das vaidades interiores, é uma das mais fortes complascências da mente dos ouvidores.

É uma manifestação subjacente, é uma manifestação incompetente, que abrasa, como nenhuma outra, o febril de um contente.

Religare, eis a razão de tanto poder imaturo, fazer ponte com o sobrenatural, fazer-se fonte de todo astral, e chegar a Deus

Religião é apenas religião, nada mais que isto, um sonho bom, mesmo que não seja real, de festejar os anseios de um mortal.

Um caminho sobre abismos, um caminho para o ostracismo, um jeito de se encontrar o que se quer no outro lado que espera.

Diretamente, é o que toda alma aspira, é o que toda vida transpira, é o que todo homem se lança, mesmo que não se confira.

Indiretamente, portanto, é uma jeito de moldar sua existência, justificar sua complacência, endireitar sua impaciência vital.

Religião vai além, mesmo não passando de ser o que é, ao mesmo tempo dá esperança do que vem, e dá molduras no que se tem.

Religião, só religião, só tudo isto para fazer o que faz, tão pouco, quase nada, e tem feito marchas grandiosas na humanidade.

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Primeira comoção

(Primeira das primeiras manifestações do ser humano)

Tudo a começar, e lá estava o homem se envolvendo em novidades, se envolvendo na busca do inexplicável, atrás da divindade.

Não teve nenhuma outra necessidade inicial, sem que primeiro precisasse encontrar respostas, ou rituais agradáveis ao celestial.

Antes de encontrar-se, de ir ao encontro do outro, ou da outra que a natureza lhe invadia, foi ao culto, ao Senhor que merecia.

Foi abraçar o desconhecido que lhe parecia familiar, foi abraçar, com determinação, as respostas que precisava no seu pensar.

Da mesma forma que é a única manifestação presente e determinante, em todas as civilizações descobertas, mundo a fora...

É, foi, sempre será, a que mais prioridade terá, fazendo de todo homem, até o ateu, o mais temente homem de qualquer deus.

“Uma das primeiras manifestações”, se diz, por se considerar outras básicas, contemporâneas, como o respirar e o se alimentar.

Se pudesse, deixaria tudo em menor vez, para que a primazia, na religião, para ela, fosse dedicada com a máxima do coração.

Primeira comoção, primeira maneira de dizer que está e quer existir, primeira façanha para confirmar como gente a se construir.

Há extratos em tudo isto, há manejos que a vida leva o ser a buscar, há confluências maduras, onde o homem só vive se tocar.

Não poderia ser diferente, não há como se ajeitar noutra manifestação primária, a religião é uma das gritas plenárias.

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Veio para existir

(Com evolução ou sem ela a religião surgiu para ficar para sempre)

Há os arrotos pela evolução que demografam suas razões teimosas e muito coerentes com o pouco que se conhece e descobriu.

Há os caxangos em suas provas de fé, degladeando os demais, pela criação pura e simples, do “de uma hora para outra” que viu.

Há os que não vão em nenhuma destas terras, e trilham pelas duas, crendo num Deus que fez a evolução acontecer, como criação.

Por um ou outro caminho, contribuindo para as falas favoráveis ou contrárias de muitos, a religião surge como verdade mil.

Ela é imperiosa e muito satisfatória para dar vazão aos seus se posicionarem na maneira de ver e entender o Criador e sua ação.

Pela evolução, nos trâmites que a humanidade trilhou, a religião, inconfundível, se notabilizou em emaranhados de confusão.

Pela criação, no “de vez” que tudo tenha surgido, enfim, a religião, contoneira, se ajustou ao existido, pelos ídolos de marfim.

Pela evolução criativa, organizada por um Todo-Poderoso sábio, ela, também, com determinação matreira, deu diretrizes ao além.

Veio para existir, veio para, chegando com as criaturas “imagem e semelhança”, ir além delas, acompanhando-as em segurança.

Religião é imortal, é mais que temporal, é mais que vendaval, não tem fim, não terá fim, é de desdobramento celestial, universal.

É eterna, se temos que veio antes do existir, se temos que vai além do co-existir, surgiu antes, e veio para ficar, pra sempre, assim.

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É uma invenção?

(O homem inventou para satisfazer suas necessidades mais intrínsecas)

Como assim é uma invenção? Como assim é fruto da criatividade humana? Como assim é produto de uma necessidade atendida?

Religião é anterior à criação, veio, sim, da carência, não da criatura, mas do Criador, dEle que queria relacionamento com sua arte.

Religião é uma solução divina, provocada pela criação, para que o homem buscasse, encontrasse, fosse feliz em sua alma-coração.

“O vazio tamanho de Deus” que a religião veio para auxiliar o ser na busca de saciar, na busca de encontrar seu caminho do céu.

O que o homem inventou, não a religião que já encontrou pronta, foi os muitos meios de manifestá-la, conforme seu jeito interior.

Os tamanhos destas manifestações relatam a grandeza que cada uma apresenta na satisfação de seus adeptos, de seus muitos.

Estes tamanhos podem não mostrar, com verdades que precisam especular, a seguridade que possam oferecer a seus muitos.

Cada invenção humana, dentro do desinibido religioso de cada um, faz afeto, sedução, para que venham outros por paixão.

Não é uma invencionice para necessidades particulares, pessoais de quem funda, só cresce se mostrar interesse pela multidão.

Não é uma mesmice para carências tribulares, intencionais de quem muda, só aparece se atar o querer-se pelo imenso mundão.

Errou quem afirmou ser um “ópio” para manter status quo de poderes, religião é maior que isto, estes “status” nascem dela.

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Apenas religião

(É apenas religião, nada mais que isto, com tudo que pode promover no homem)

Religião é apenas religião, mas ao mesmo tempo, é tudo isto, religião; um vulcão poderoso, amargoso, que transforma coração.

É o que querem que seja, muitas vezes até nada, outras vezes tudo, mas sempre o que leva esperança ao mais duro moribundo.

Algo tão simples capaz de fazer bruto ser meigo, fazer meigo ser bruto, fazer homem ser bomba, fazer bomba ser homem.

Sutil, delicado, cheio de cheiros de pecado, cheio de contorno entocado, a religião é uma marcha sem volta de muitos bocados.

É apenas religião, nada mais que isto, mesmo que tenha a promover nos homens, os que, de suas doses e dogmas, tomem.

Homens e mulheres se fazem novos, se fazem rogos, tudo com o interesse de se atenderem, de ser envolverem, buscarem Deus.

Milagres acontecem no cotidiano, milagres se fornecem ensinando, milagres que se multiplicam e se fornicam no bom viver.

Religião vem de Deus, o homem cria as manifestações, ela se multiplica em canções e faz o mundo ser um paraíso para todos.

Mesmo o degladear das invenções humanas, que na historia se mostra esperta, não tira o mérito da beleza da religiosidade certa.

Tudo tenta macular o imaculável, tudo tenta despertar o indesejável, tudo tenta amargurar o inconformável, surtar o religiar.

Os perdidos, passivos, os que vão passar, tentam desprezar o que vem de Deus, por causa dos muitos erros de invenções.

Eles, cegos por inconsciência e incontinência, não passarão disto, passarão com isto, e a religião em triunfo, os superará.