Meu Cântico dos Cânticos


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A PRIMEIRA SÚPLICA (Ct.2:7)

(27Abr2015) Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, apelo com veemência com o anseio de qualquer além, peço a todas que em seus améns, me ensinem, me ajudem, me façam mais atraente ao meu bem; imploro com todo o ardor que posso oferecer, com todas as forças que que este pedido possa merecer, me acudam, me façam mais atraente ao constante fascínio do seu querer. Suplico pelas gazelas e cervas do campo, pelas tristezas e languras de um pranto, rogo afegante porque careço urgente e alarmante, do sorriso e do encanto, dela que sempre é a musa mais deslumbrante do meu canto; suplico pelas gazelas mais sublimes, pelas cervas mais graciosas que nela se imprime, suplico como um adolescente apaixonado, que não tem outro caminho, a não ser o fazer-se incomodado. Adjuro com insistência, que não acordeis nem desperteis o amor, que não me façam mais enfeitiçado pela minha flor, sem primeiro buscarem iludi-la com as fantasias do meu fértil dulçor; vindico, ó filhas de Jerusalém, que conhecem o coração da minha amada muito bem, pelo amor à vida e à felicidade que vocês têm, que não me deixem mais apaixonado por ela, até que ela, por mim, saiba da dor, que no amor, o apaixonado tem... até que ela, muito, me queira.

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O ESPÍRITO E A ÁRVORE II (Ct.2:4-6)

(20Abr2015) Eis que o sentimento que move o meu carinho, que, vindo de mim, sozinho, se pronuncia em canto para teu enfeite, eis que tua lembrança tem me encaminhado, já me Levou à sala do banquete; todos os dias me faço festivo, todos os dias me levam ao abrigo, todo o tempo eu sou como motivo para alegrias com todo ardor, sou alcançado por teu fascínio que tem o seu estandarte sobre mim em amor. Canto a cantiga que vem da alma, canto de algo que muito me acalma, peço cantando como o que mais preciso em minhas caças, ansioso por tuas graças, peço faminto que me sustentes com tuas passas; confortai-me com maçãs nas madrugadas, confortai-me ao meio dia, confortai-me pelas noites, dai-me de tuas alegrias, me conforta no teu refrescante abraço, no calor confortante da tua melhor euforia; porque é contigo que eu quero sempre estar, é a teu lado que e quero sempre caminhar, é da tua voz que eu quero encontrar o melhor incentivo condutor, é com tua voz que quero desfalecer com meu amor. A minha mão esquerda esteja debaixo da tua cabeça, que ela seja forte suficiente para dar a segurança que mereças, que ela seja carinhosa com o melhor do meu afeto, para sempre te cantar o meu sonho mais leal e mais discreto; e, neste mesmo lance romântico de pura entrega e enlace, ante o sorriso amável que ganho neste dançar, a minha mão direita lhe abrace, e pra sempre eu possa lhe conquistar.

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O ESPÍRITO E A ÁRVORE I (Ct.2:1-3)

(13Abr2015) Eu sou a rosa de Sarom e desejo exalar perfumes aonde estiveres, sou o lírio dos vales e desejo emanar, em teus costumes, o que é devido a todas as mulheres; anseio ser o jardim para teus pés descalços, para as tuas caminhadas matinais, o tapete liso em teu encalço; as flores mais valiosas e medicinais que um jardim possa oferecer num percalço a estes teus sentimentos celestiais. Por outro lado, em todos estes carinhos, como o lírio que brota e resplandece entre os espinhos, tal é a minha amada entre todas as filhas de Jerusalém, deslumbrante e muitíssimo bela, como ninguém; meus olhos que sabem contemplar tantas doçuras que a natureza fez, se encanta quando corteja a presença, o fascínio que este lírio brada em sua tez; és a mais bela dentre todas as belas. Mais “enfeitiçado” fico, então, quando tua voz me chega em declaração: “Como a macieira entre as árvores do bosque, na busca a fundo, tal é o meu querido amado entre os filhos de todo o mundo”; e num gesto de dengo e poesia, tua fala sedutora me faz repousar, me dizendo: “Sentei-me descansada à sua sombra com grande alegria, e o seu fruto em mim, e comigo, era doce e suave ao meu paladar”. Para mim, és o espírito angelical que adormece o meu cansaço, és o espírito matinal que encanta o meu abraço; para ti, sou como a árvore frutífera que oferece a lombra, como árvore desejada que te oferece a melhor sombra.

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A LINGUAGEM DO AMOR II (Ct.1:15ss)

(06Abr2015) Eis que és formosa, ó amada minha, tua formosura vai além do que toda natureza pode contemplar, muito além do que toda a existência pode imaginar, ela é minha que Deus deu; eis que és formosa, de uma beleza pura que te faz charmosa, glamorosa, e nas minhas fantasias, os teus olhos são como pombas, que em quilombas, me dá toda as sensações que podem neste coração meu. Encho-me de lisonjeios, quando, em poesia, me dizem os lábios teus: “Eis que és formoso, ó amado meu!!!” Me encho de alegria de viver, em ouvir que teus olhos me vêem agradável ao teu querer; quando teu coração ainda me diz: “Como amável és também!!!” Quando escuto de tua paixão que eu sou o teu “melhor bem!!!” Quando me contemplo, também por isto, orando, dizendo Amém; quando mim encontro ouvindo, ainda, de teus lábios: “o nosso leito é viçoso!!!” Não há conversar mais amoroso, mais ditoso, que me faça sonhar, voar, andar nas nuvens, ser mais manhoso. As traves da nossa casa são de cedro, a melhor madeira de lei que possamos encontrar, a mais segura madeira de beleza a uma família enfeitar, é ela que nos amarra num lar de amor a se cultivar. Na mesma sorte, neste mesmo porte de segurança, beleza e amarração, o nosso telhado é recoberto da melhor proteção, os caibros são de cipreste, resistentes a toda tempestade que surja, a todo temporal que o mal sempre investe com sua água turva.

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A LINGUAGEM DO AMOR I (Ct.1:12ss)

(30Mar2015) Todas as vezes que você, minha querida rainha, se assenta à mesa, todas as vezes que meus olhos contemplam tua presença e sutileza, as vezes que o nosso paraíso completo contigo por perto; o meu nardo exala o seu cheiro, se torna um fiel companheiro, no anseio que meu coração declara ao te ver, no permeio que minha emoção faz transparecer, buscando, com tua visão próxima, bancar-me o esperto. Você, minha amada, é para mim e minha existência, como um saquitel de mirra, toda ataviada, no melhor da sua proeminência um agradável saquitel que, em birra, teimo em amar com o melhor de mim; mais ainda, quando repousas acanhada sobre o meu peito, quando ousas assanhada sob o meu afeito, momentos sublimes que a melhor poesia jamais poderá dedilhar em seus versos ou afins. Você, minha amada, da mesma forma, é para mim, quando comigo, quando diante dos meus olhos amigos, como um ramalhete de hena, tirado da pura jardinagem serena, o melhor que a vida poderia me oferecer; você é tudo isto, tirada das vinhas de En-Gedi, do oásis próximo ao Mar Morto, único lugar com vida em si, num deserto repleto de tristeza sem nenhum conforto; o melhor ramalhete que Deus me deixou ter.Minha rainha, esta é a minha linguagem de amor, linguagem que falo com todo o meu odor, cheiros que exalo quando te vejo em minha suserania, deslumbrado com tanta fascinante soberania

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REMOVENDO AS MARCAS DA ESCRAVIDÃO (Ct.1:9s)

(23Mar2015) Ó querida minha, pelas marcas de tristezas que tua voz me dizia e tinha, pela dor que amargas por estar sempre sozinha, em que ei de te comparar? Em que meu lamento poderia lhe colacionar? És como as éguas dos carros de Faraó, presas a uma escravidão que o destino lhe impõe e que não tem dó, mas atraentes por suas perfumadas belezas, por seus serviços, dedicação e contagiantes proezas. Formosas são as tuas faces entre os teus enfeites, e como elas, de serviços e dedicação que a todos ofereces em deleites, do jeito delas, tens sido escrava submissa a marcas que têm ferido a alma dos teus aceites; tudo, de uma só maneira, se comporta como colares no teu pescoço, verdadeiros alvoroços que calaram meu coração, me fizeram homem indigno da tua paixão, um escravagista sem nenhuma razão. Ó querida minha, enfeites de ouro te faremos, em príncipe encantado nos desdobraremos, reverteremos toda a dor que te fizemos, te colocaremos no centro da nossa melhor atenção, do nosso coração; com incrustações de prata iremos admirar, respeitar, aproveitar ao máximo o pior, se houver, dos teus defeitos, iremos seguir maravilhados, extasiados, o mais difícil dos teus preceitos, seremos os mais felizes escravos nos teus conceitos. Tudo contribui para seres ainda mais linda, para seres a mais linda, seremos o que for preciso para fazer-te a mulher mais bela e amada que, existir, possa ainda.

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NAS PISADAS DO REBANHO (Ct.1:7s)

(16Mar2015) O meu coração pergunta a quem ama a minha alma, meu anseio por encontrar-te, indaga aos quatro cantos do vento que não me acalma, há muita pressa em estar contigo, em estar sob teu abrigo: Onde apascentas o teu rebanho, tudo que em banho, meus olhos se atrevem a procurar, em que distância estás a me furtar, a tirar-me o doce singelo do teu me acalentar? Onde fazes o teu rebanho se deitar pelo meio-dia, ante o calor que nos assedia, ante o calor intenso que nos separa, que nos vara a sofrer em procuras e maldades que nos mantém afagados na dor da saudade? Quero estar contigo e seguir embora, mas por que razão seria eu como quem anda errante pelos rebanhos do mundo a fora? Por que tenho que me submeter a estar sempre como quem precisa e implora? Se não o sabes, ó tu, mais formosa entre as mulheres, se não queres me ver sem esta busca dolorosa e incessante, se me desejas com esta angústia constante buscando-te sempre por todos os lados; então deixe-me seguindo as pisadas das tuas ovelhas, deixe-me viver nesta ansiedade como queiras, deixe-me estar sempre neste desvalido e sofrido caminhar de vagamundo, sempre na busca do eldorado segundo; deixe-me continuar a seguir os teus caminhos até ter que apascentar, em cantinhos, os meus cabritos junto às tendas onde os teus rebanhos estiverem, deixe-me continuar como tuas vontades preferem.

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MORENA GUARDA AGRADÁVEL (Ct.1:5s)

(09Mar2015) Você é a minha “morena”, mais formosa dentre todas as morenas, mais gentil e luminosa dentre todas belezas plenas, que meus olhos vêem, que minha visão se antena por onde vai. Ó filhas de Jerusalém, encantos mil que parecem virem do além, doçuras que parecem surgirem como aquém, reconheçam e se deslumbrem, se convençam e se perturbem ante a morena que me atrai. Como beduíno nas tendas escuras e opulentas de Quedar (Jr.49:28, Ez.27:21), minha “morena” é parda e enigmática, esconde atrativos que só sinto quando estou nela a habitar, quando enfática, se oferece a me encantar; como as ricas cortinas de Salomão, eis que ela está envolvida no melhor da segurança, e, como criança, esbanja-se nas mais confortáveis pujanças que me fazem sonhar. Filhas de Jerusalém, não repareis nela ser morena, se não é, porque o sol crestou-lhe a tez, lhe fez a lindeza ser “perena”, como a beleza lhe quer, dando-lhe a vez, tornando-a a melhor aparição que meus olhos tenham. Os filhos que sua mãe tivesse, indignar-se-ão contra ela, e a poriam por guarda de vinhas, de sua vinha, e isto a queimaria mais ainda, a faria bela mais ainda, aos que, fascinar-se, venham; porém, ela não deixou, o que me deu mais chances, não se aquedou e para seu romance me escolheu, a doçura de sua vida, me concedeu.

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LEMBRANDO O AMOR DE BOM NOME (Ct.1.1sss)

(02Mar2015) Meu Cântico dos Cânticos, o canto mavioso do meu coração, a brisa sonora que evade deste meu peito tântrico, resposta sentimental desta minha gostosa paixão, começa aqui, a minha cantiga pra ti. Imploro que Beije-me com os beijos da sua boca porque melhor é o seu amor do que o vinho, beije-me, mesmo que a prolixidade seja pouca, porque melhor é o seu amor do que outro motivo qualquer que se pareça bonzinho. Para mim, suave é o cheiro dos teus perfumes, é o aroma delicioso das posturas de teus costumes, é, na minha alma, sentir a fragrância feminina do teu olhar sedutor, penetrante em seus dois gumes; para mim, o melhor perfume derramado é o teu nome, o sorriso do teu cheiro sobre mim, teu amado, é o som angelical que toma meus ouvidos e, de pronto, me consome... por isso as pessoas te amam, e eu mais ainda, pois saudade é o meu nome. Imploro mais, que me leves sempre contigo, me vejas como o melhor dos teus amigos, como parte importante de teus sonhos antigos, e verás que sempre correrei após ti, ou ao teu lado, como atento e instigante namorado. Como rainha que és, me introduzas nas suas recâmaras e em ti me alegrarei e me regozijarei, juntos faremos menção do nosso amor, assim, mais do que do vinho com razão nos amaremos com todo ardor.